sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DANDO A CARA À TAPA

No decorrer de nossa caminhada cristã, certamente já ouvimos falar de Tomé. Por diversas vezes eu, particularmente, já vi muitos pregadores usarem Tomé como exemplo de mal exemplo. Ele foi incrédulo? Foi. Ele escandalizou seus irmãos com sua incredulidade? Chocou. Mas,
você já parou prá meditar no encontro de Tomé com Jesus naquela reunião pós-ressurreição? Eu creio que sim. Mas, eu gostaria, nessas próximas linhas, de mudar o ponto de vista acerca desse encontro.

Você já atentou para o efeito causado pela atitude de Tomé, ao mostrar-se resistente à veracidade da ressurreição de Jesus.

Repare algo que está escrito em Marcos 16:9/11:



E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.

E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando.

E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.



Segundo esse relato de Marcos, ninguém creu na ressurreição de Jesus!

Isto é; quando apontamos a Tomé como incrédulo e isentamos os outros discípulos, cometemos injustiça. Por quê? Pelo fato de não haver diferença entre eles no que diz respeito à incredulidade, visto que nenhum deles creu. Agora, existe uma diferença que deve ser frisada entre Tomé e os outros discípulos: a sinceridade.

Tomé foi incrédulo tanto quanto os outros, mas os outros não foram sinceros tanto quanto Tomé.

Vamos entender melhor o cerne dessa reflexão, bem como a base da mesma?

Pois bem, passados alguns dias após a morte de Jesus, os discípulos estavam reunidos num determinado lugar. Com que propósito? Adorar a Deus ou compartilhar seus medos em comum? Medo de quê? De serem mortos tal qual Jesus foi.

A Palavra diz em João 20:24 que Tomé não estava lá. Por quê? Por não crer na ressurreição de Jesus, e por não compartilhar do mesmo medo que compartilhavam os outros discípulos, a saber: de serem mortos por serem seus discípulos.

Vamos tentar entender o que levou Tomé a se ausentar daquela reunião?

Transportemo-nos àquela época... Somos discípulos de Jesus, seus amigos. Partindo do princípio de que é impossível conhecê-lo e não amá-lo, amá-lo e não segui-lo; o amamos... De repente o nosso amado é preso, açoitado, humilhado publicamente e torturado até a morte... Qual seriam os sentimentos desencadeados em nós ao vermos aquele a quem tanto amamos sofrendo dessa forma, sabendo nós que nele havia inocência? Tristeza, angústia, medo, revolta, decepção, incapacidade, etc.

Eu citei apenas seis exemplos de sentimentos dentre muitos outros. Ninguém é igual a ninguém, temos personalidades diferentes, isso quer dizer que cada um reage de um jeito. Tomé não sentiu medo, senão ele estaria trancado com os outros... Mas, existem, entre esses seis exemplos citados, dois que se encaixam bem no perfil de Tomé: a revolta e a decepção.

Tomé amava a Jesus? Claro que sim, do contrário ele não se disporia a morrer com Ele em Betânia! (João 11:16)

Já imaginou alguém que você tanto ama sofrendo um milésimo de tudo o que Jesus sofreu? Como você se sentiria? Do jeito que você pensou agora que se sentiria, certamente foi desse jeito que Tomé se sentiu. Revolta e decepção. Revolta por não poder fazer nada, e decepção por ver seu próprio povo escolher Barrabás pra ser solto, em vez de Jesus.

A fé de Tomé naquilo que ele ouvira de Jesus acerca de Sua ressurreição foi suplantada por esses sentimentos. Às vezes agimos assim também, quando nos decepcionamos com um irmão ou nos revoltamos com as máculas da igreja. Perdemos o foco e passamos a errar o caminho que nos conduz à vitória.

Por outro lado, Tomé fez o que muitos de nós não temos coragem de fazer, que é assumir o seu estado, a sua realidade e a sua doença (incredulidade), doesse a quem doer.

Esse homem deixou sim, que a sua razão o dominasse; e com isso, o que os seus olhos viram e o que os seus ouvidos ouviram acerca do que fizeram com Jesus foi mais forte do que tudo o que ele ouvira de Sua própria boca acerca da morte e ressurreição. A visão do Cristo crucificado ofuscou a do ressurreto. Resultado disso tudo: crise.

Sabe qual é um dos principais motivos das crises enfrentadas por muitos de nós, cristão, hoje? A perda do foco. Quando focalizamos as dificuldades pessoais e a hipocrisia alheia dentro da Igreja, nossos olhos se fecham pra tudo aquilo que Jesus prometeu a nós. Deixamos de ver o que Deus quer que vejamos, para vermos o que o diabo quer nos mostrar. Tomé agiu dessa forma. Ele ouvira da boca do próprio Jesus que o mesmo seria preso, crucificado e morto, mas que ao terceiro dia voltaria à vida. Mas, Tomé deixou-se levar pelo que seus olhos viram (seu amado ser assassinado), e pelo que seus ouvidos ouviram (seu próprio povo a dizer: crucifica-O). Contudo, existe algo em Tomé que falta em muitos de nós: sinceridade.

Passada a primeira aparição de Jesus aos seus discípulos, os mesmos encontram Tomé e lhe dizem: “Vimos o Senhor” Qual foi a reação dele? Será que foi igual a de muitos de nós, que diante de alguma revelação, relato ou informação, dizem:”Eu acredito” , sem acreditar? Não. Ele foi verdadeiro quanto aos seus sentimentos, dizendo a eles:



Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.

(João 20:25)



Você já parou prá pensar no escândalo causado neles por meio dessa declaração? É proporcional àquele que tentamos evitar quando dizemos que cremos em algo sem crer. Por não querermos abrir mão de um cargo de destaque na igreja para sermos tratados. Ou por querermos preservar o nosso ministério eclesiástico, que muitas das vezes é tão inoperante que não faz a menor diferença!

Tomé vomitou psicologicamente diante de seus condiscípulos; e o vômito alheio causa nojo em nós, mas traz alívio ao que vomita.

A sinceridade de Tomé o deu forças para voltar à comunhão, e chamou à atenção de Jesus a ponto de atraí-Lo novamente ao lugar da primeira reunião.

Ao se apresentar novamente aos discípulos, Jesus vai direto a Tomé, isso quer dizer que ele era o motivo daquela nova visita. Jesus traz consigo as condições impostas por Tomé aos discípulos, de que ele teria de tocar nas feridas para que cresse que Ele estava vivo. Jesus diz à Tomé:



Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. (João 20:27)



Repare que a repreensão foi à Tomé, mas serviu para os outros também, visto que não creram em Maria Madalena quando a mesma anunciou que Jesus vivia. Esta repreensão rompe a barreira do tempo, e reverbera hoje à Igreja.

Podemos aprender algo mais do que termos que ser crentes nesse encontro de Jesus com seus discípulos. Ao vir diretamente a Tomé, Jesus quer que saibamos que não há como ser sincero com Ele sem que antes sejamos com os homens (Tomé foi com seus condiscípulos). Qual é a nossa crise? Exponhamos! Vomitemos o que está nos fazendo mal... Aquilo que não é verdadeiro. Paremos de show! Desçamos do palco! Prostremo-nos diante do altar do Senhor dando a nossa cara à tapa, não nos importando com o que vão pensar de nós. Assim como fez Tomé!

Não existe cura sem que antes haja confissão daquilo que nos acomete, segundo diz Tiago 5:16. Tomé praticou isso... Ele expôs a sua doença e, como conseqüência disso, foi sarado. Sabe quando podemos perceber essa cura? Leia abaixo:



E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! (João 20:28)



Tomé foi curado de uma doença muito comum a nós: incredulidade. Portanto, aprendamos com Dídimo, não apenas a não sermos incrédulos, mas, a sermos sinceros doa a quem doer.

Fique na paz!!!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

DISCERNINDO O GOSTO DA NOSSA ALMA

Às vezes chega uma fase em nossa caminhada cristã, em que a obrigação suplanta a volição no que diz respeito às atividades eclesiásticas. Você já se sentiu dessa forma?

Se não, glória a Deus! Mas ninguém está livre de passar por isso.

Em meio a esse processo de “iceberguização” espiritual, podemos encontrar um protagonista em potencial. Você arriscaria dizer quem é? Antes de te dizer, eu gostaria de te ensinar e/ou lembrar que somos seres tricotômicos (constituídos de corpo, alma e espírito), e chamar a tua atenção para um detalhe importantíssimo: a alma se encontra no centro, ainda que invertamos a ordem dos elementos da tricotomia humana (espírito, alma e corpo) a alma permanecerá centralizada. Isto é, partindo dessa linha de raciocínio a alma funciona como o fiel de uma balança. Essa balança é tendenciosa a pender para o lado do corpo (carne) em detrimento ao lado do espírito. Por que será?

Vejamos Oséias 11:7a, que diz:



Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim;



Desviar-se de Deus é o mesmo que andar na carne, ou não?

Você já parou prá pensar o quão difícil é fazermos algo que esteja ligado às coisas espirituais, quando comparado às coisas naturais (carnais)? Por qual motivo isso ocorre? Seria pelo fato de sermos seres tão ruins? Eu creio que não! Eu procuro ver pelo lado original. Que lado seria esse? A queda do homem.

Existe em nós uma natureza carnal, que, quando confrontada pela espiritual, intensifica a luta para que não venha perder espaço (domínio das ações). A nossa humanidade tem na alma uma grande aliada contra o espírito. Somos seres repartidos e divididos, visto que constantemente estamos em guerra (Gálatas 5:17).

Deus entende a nossa natureza “torta”, porém, Ele não a aceita quando recusamos a Sua ajuda para endireitá-la, por meio da obra do Espírito Santo em nós.

Entre muitas outras coisas, o Espírito Santo foi enviado para acabar com a covardia da carne e da alma contra o espírito. Pense na tua alma como o centro das tuas emoções, consciência e sentimentos... Repare que através da alma sabemos da nossa existência enquanto seres humanos. Ser esse que foi contaminado; o original se desoriginalizou por meio da queda de Adão. Através desse ato inconseqüente, nossa raiz divina foi contaminada. Sabemos que a raiz é a parte responsável pela alimentação de um vegetal, ou seja; analogicamente somos uma árvore cuja raiz foi contaminada e tornou-se pecaminosa. Se a raiz é pecaminosa, todo o corpo é, visto que dela se alimenta.

Sabe qual o principal motivo que leva a alma a juntar-se à carne contra o espírito? A superioridade da carne ante o espírito. Nossa alma é parcial, ela fica do lado mais forte. Sendo assim, a única forma de nossa alma unir-se, nessa batalha, a nosso espírito é aceitarmos de Deus a Sua intervenção a favor do nosso espírito. A inclinação citada em Os 11:7 só pode ser vencida por meio da morte sacrifical de Jesus por nós, e, prá que sejamos beneficiários da mesma, temos que acreditar que não foi em vão, teve vários propósitos, dentre os quais o envio do Espírito que consola, capacita e convence. É impossível conseguirmos agir espiritualmente sem que sejamos auxiliados pelo Espírito Santo.

Jesus é a reforma daquilo que foi deformado. Ele é o caminho, a mão-única que nos guia de volta às origens, a Deus.

Em nossa alma há inclinações carnais, ou seja; a alma se junta à carne com o propósito de pecar com prazer. Por outro lado, a união da alma com o espírito só é possível por meio de sacrifício. Ou seria fácil fazer jejum em meio a um churrasco, ou controlar o olhar diante de suas concupiscências?

A transição pela qual toda alma deve ser submetida (da inclinação carnal à espiritual) por meio da atuação do Espírito Santo é tensa; dá vontade de parar; dá vontade de desistir; dá vontade de “chutar o pau da barraca” (às vezes até prá fazer isso falta força). Será que sou só eu que encontro essas dificuldades? Acho que não!

Ao dissertar sobre esse assunto, eu me baseio não em estudos ou experiências alheias, eu me baseio no que estou vivendo, sentindo, enfim; há propriedade. Essa palavra é de mim prá mim, entende? É Como se fosse uma auto-ministração. Porém, se você que está lendo, se identificar com essas palavras, tome posse! Não é preciso você passar pela experiência... De repente essa reflexão pode ser o instrumento de interrupção à crise pela qual você poderia vir a enfrentar. Que crise? Pode ser de vários tipos, como por exemplo, aquela que é desencadeada pela perda do nosso foco principal que é Jesus. Como isso ocorre? Quando deixamos de olhar para os olhos da Igreja (Onde ficam os olhos? Na cabeça. Quem é a cabeça da Igreja? Jesus.), e passamos a focalizar os membros do corpo (as pessoas). Quando cometemos esse erro, os alimentos da carne são postos à mesa e, conseqüentemente, a mesma se fortalece.

Olhar para nossos irmãos em Cristo requerendo deles perfeição, não pode ser visto como um sonho, e sim como uma utopia. Mas, quase sempre, não pensamos nem agimos assim, muito pelo contrário! Farisaicamente, nós apontamos suas falhas junto com seus efeitos, e não percebemos que muitas das vezes estamos como que diante de um espelho. Reprovamos os outros naquilo que estamos reprovados.

As decepções eclesiásticas nascem de nossos próprios erros, e elas são contagiosas quando compartilhadas. Quando desabafamos com alguém acerca do mal que nos fizeram ou daquilo que nos incomoda em alguém, estamos, na verdade, forjando naquele que nos ouve os nossos pensamentos e a nossa visão acerca do indivíduo acerca do qual falamos, daí nascem os famosos “grupinhos”, as classes dentro da igreja (subdivisões)... A carne se alimenta disso! É tudo o que ela quer! É tudo o que a alma quer para satisfazer suas inclinações. Não nos permitamos mais alimentá-la.

Finalizando essa palavra, a nossa alma é como chuchu, pega o gosto daquilo com o qual se mistura. Qual tem sido o gosto da nossa alma? A forma como nos encontramos, enquanto seres humanos, responde por nós. E, dependendo da resposta, temos uma esperança: O Senhor



Shallom Adonai!

A PERFEITA IMPERFEIÇÃO

 De repente me bateu um constrangimento... Comecei a meditar na atitude de Deus em comprar aquilo que para o mundo não tinha nenhum valor, p...