O DEUS QUE CONTEMPLA CORAÇÕES

Ultimamente tenho meditado acerca da forma com que Deus contempla o ser humano. Vivemos em meio a uma sociedade tendenciosa a estereotipar pessoas, ou seja; que valoriza mais a imagem do que a essência das mesmas. E isso é antigo! Há dois mil e doze anos atrás, o rei que os judeus aguardam até hoje se manifestou à humanidade. Aquele que foi enviado para religar a essência do homem a Deus, visto que a mesma havia sido separada por meio da desobediência de Adão. Então, qual teria sido o motivo pelo qual os judeus não conseguiram ver, na figura de Jesus, o Messias? Pelo fato de Jesus, em Sua aparência, não ser o que eles imaginavam que deveria ser. Isto é; o estereótipo de Jesus era incompatível com a imaginação da massa religiosa, no que tangia a forma como o Rei deveria vir. Essa atitude judaica, de levar em conta a aparência, não influenciou, não influencia e nunca influenciará as pessoas, sabe por quê? Essa não é uma característica exclusiva dos judeus, mas da humanidade. Inconscientemente, damos crédito à holografia apresentada por muitos, e ignoramos a essência do ser. Você já agiu assim, ou só acontece comigo? Como nos livrarmos dessa inclinação então? Deixando de seguir a tendência da humanidade, para seguirmos o exemplo de Jesus. Na bíblia podemos ver vários exemplos que refletem a forma como Deus nos vê, enquanto seres humanos que somos. Por exemplo, Davi aos olhos de seu pai, irmãos e até mesmo de Samuel, não passava de um pastorzinho de ovelhas, mas, aos olhos de Deus ele era não apenas rei, mas profeta e sacerdote. É assim que Deus nos vê! Diferentemente das pessoas, Ele contempla o nosso coração. Ainda que todos nos rotulem, o que importa é se o rótulo é compatível com o produto interno. Até aqui eu expus, segundo a minha visão, a diferença entre a forma como vemos as pessoas e a forma como Deus as vê. Mas, eu quero mesmo é me ater a capacidade que Deus tem de ver-nos através do que estamos sentindo... Das reações, dos olhares e das palavras que não temos coragem de verbalizar, mas que em nosso pensamento já foram ditas. Para basear essa meditação, eu quero usar Josué 1:1-9. Vejamos abaixo:

1 E SUCEDEU depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: 2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. 3 Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. 4 Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. 5 Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. 6 Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. 7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. 8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. 9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.

Repare algo nos versículos seis, sete e nove... O Senhor dá a Josué a mesma instrução: “Esforça-te e tem bom ânimo.” Qual teria sido o motivo de o Senhor ter repetido a Josué que ele deveria se esforçar e ter bom ânimo? Eu não consigo pensar numa resposta diferente dessa: “Porque Deus vê o que está no coração.” Para entendermos melhor essa resposta, precisamos entrar na história e nos imaginarmos no lugar de Josué. Vamos viajar um pouco? Imaginemo-nos como um homem que está diante de Moisés como auxiliar direto. Moisés era um grande líder, e estava à frente de um numeroso exército de pessoas que havia saído do cativeiro para a liberdade, só que entre o cativeiro e a liberdade havia um deserto, e deserto é lugar de escassez, da escassez advém crises existenciais, financeiras e tantas outras, ou seja; Moisés estava conduzindo um barril de pólvora, e Josué sentia tudo o que Moisés sentia, pois estava junto com ele. O que Josué não sabia era que todo esse legado seria seu antes que ele imaginasse. A palavra diz em Deuteronômio 34:7 que Moisés estava forte, bem de saúde e bem disposto para completar a missão de conduzir o povo israelita à Terra Prometida, ou seja; não passava pela cabeça de Josué que, ao subir no monte Nebo, Moisés não mais voltaria, visto que a revelação de sua morte foi dada a ele apenas, ou seja; Moisés sabia que não voltaria, tanto é que antes de ir para o lugar determinado pelo Senhor onde morreria, ele impôs as mãos sobre Josué, impartindo assim sobre ele seu espírito de sabedoria, mas, Josué e nem ninguém sabia do que estava para acontecer. Se Moisés tivesse adoecido, certamente Josué estaria na expectativa de assumir sua posição de comandante. Agora, é diferente você dormir auxiliar e acordar líder, e foi isso que aconteceu com Josué. O impacto dessa realidade assusta, ou não? Seja lá onde for... No trabalho, na igreja ou em qualquer lugar, quando nos deparamos com essa situação, o medo é certo. Medo de quê? Da responsabilidade. Da exposição. Da auto-desconfiança. Enfim... Uma série de sentimentos podem vir à tona. No caso de Josué, que tipo de sentimento emergiu de seu ser ao perceber a missão que ele teria de cumprir?

Baseado nas repetidas instruções de Deus a ele, eu ouso responder: Abatimento e covardia. Você deve estar me chamando de louco, não é mesmo? Mas, repare algo, esses dois sentimentos são antônimos daquilo que Deus disse a Josué. Em outra tradução, quando o Senhor diz: sê forte (esforça-te) e corajoso (tem bom ânimo), certamente Ele estava vendo em Josué prostração, incapacidade, fraqueza de espírito e covardia diante das circunstâncias... Daí pode ser que você esteja se perguntando: Mas, Moisés não impartiu sobre Josué aquilo que estava sobre ele, então, por que se sentir fraco, incapaz, prostrado e acovardado? Se esse for o caso eu te respondo: Ele, assim como muitos de nós, recebera a unção, mas não havia tomado posse dela ainda. Em Isaías 61 podemos ver uma série de unções que recebemos do Senhor, mas que não tomamos posse ainda, por isso não as usamos. Deus contemplou o coração de Josué e viu seus sentimentos, e não apenas isso, Deus trouxe a ele ânimo, pois sem ânimo fica difícil conseguirmos algo; Deus trouxe a ele a certeza de que Ele estaria presente, assim como sempre esteve com Moisés; e, o mais importante, Deus deu a Josué o esboço de um plano infalível para que ele fosse vitorioso em tudo o que fizesse. Quer saber que esboço é esse? Vejamos: 7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. 8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Eis aí o segredo do sucesso de Josué, Davi, Moisés e tantos outros personagens bíblicos: obediência à Palavra. Às vezes, introspectivamente, murmuramos por conta de nossos insucessos. Isso mesmo! A murmuração pode ser falada ou pensada! A diferença é que quando murmuramos em pensamento, nos auto-contaminamos; e, quando a verbalizamos audivelmente, contaminanos não apenas a nós, mas a quem nos ouve. Os nossos insucessos nos fazem murmurar, o que fazer então, diante dessa situação? Lutar contra o espírito de murmuração ou perseverar naquilo em que fomos derrotados? Lutar contra o espírito de murmuração é combater o efeito, e combater o efeito é paliativo. Então, devemos descartar essa alternativa. Restou a perseverança em meio a derrota... Como conseguir a vitória naquilo em que fomos derrotados, e que, como efeito, despertou em nós um espírito murmurador? Seguindo o esboço dado por Deus a Josué: Sendo obediente à Palavra. Então... Está disposto(a) a enfrentar seus medos, sentimentos de inferioridade, incapacidade e tantos outros sentimentos que se manifestam em nós nos momentos de decisão? Saiba que Deus está vendo tudo o que sentimos. Por pior que seja... Por mais estarrecedor e imensurável que venha a ser... Ele está vendo. Porque ele contempla corações! Cabe a nós seguirmos suas instruções, como fez Josué. Cabe a nós entendermos que o plano de Deus é com os fracos, pois nos tais Ele terá como manifestar a Sua força sem resistência. Prá terminar, a certeza da vitória que foi dada a Josué, nos foi dada pela boca do próprio Jesus em João 16:33: Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. Paz seja com todos!!!